domingo, 20 de dezembro de 2009

ei

http://www.formspring.me/branquelazeda
me enfiei na brincadeira de perguntas e respostas, galera. haha
Então se você tem curiosidade em saber como eu consigo ser tão emofilhodaputa nos textos, é só perguntar. respondo. juro! hahahahahahaha
pergunta lá. :)

volto no ano que vem :)
e leiam o texto anterior porque até eu achei ele bonito :D

beijo.beijo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Aquela história da roda

Eu via a roda girando e girando e longe e, às vezes, tão longe que eu não me importava; até o dia em que eu percebi que as pessoas que saíam de lá traziam um sorriso no rosto.
Passei dias observando o girar daquela roda. Dias me encantando com as luzes que a cercavam e com o movimento que ela fazia.

Dias inteiros - senão meses.

E então, no meio de uma coragem súbita, decidi rodar também. Entrei para roda. Roda gigante, brilhante, produtora de sorrisos fáceis. Eu quis ver o mundo girar. E agora estou aqui. Rodando e rodando e longe, muito longe, do chão.
Eu quero sair, quero fazer a roda parar para que eu desça. Quero deixar de rodar com a roda, mas eu não consigo. Olho para os lados e as pessoas estão sorrindo e, eu não entendo o porquê de tanto fingimento. A moça de preto, que não para de me olhar, chegou a chorar de tanto desespero, eu vi. Eu juro que eu vi. Mas quando os olhares a cercam ela escolhe o sorriso mais bonito e coloca no rosto.

Às vezes eu acho que é tudo uma armação para fazer a gente entrar na roda, noutras penso que aquele fingimento é a única verdade absoluta que a cerca. Colocar um sorriso no rosto, mesmo sofrendo, não deve doer tanto quando essa é a única coisa que está ao seu alcance.

Eu olho para o lado, meio sem jeito, com medo de mostrar meu pavor, e ainda encontro o rapaz que me encorajou a entrar. Ele segura a minha mão às vezes, noutras ele segura, fortemente, a mão da moça de preto.
Deve ser por isso que ela me olha tanto.
Acho que antes, da minha coragem aparecer, a atenção do rapaz, encorajador, era só dela, apenas ela segurava as mãos quentes que acalmam.
Agora ele, gentil, se divide em dois.
Se divide e se diverte.
O sorriso nunca o abandona e eu o vi, durante aqueles dias, sair sempre com um sorriso nos lábios. A moça de preto eu só conheci quando entrei.

E foi então que eu entendi como a roda gira.

Eu nunca tinha a visto porque ela jamais saiu daqui. As pessoas que conseguem sair saem felizes. As tristes, não. As tristes ficam. E elas não ficam apenas por serem tristes, muito pelo contrario: elas ficam tristes por não conseguirem sair.

Eu olho para o rapaz.
Eu olho para moça.

Eu penso em contar a ela sobre minha vontade de voltar para casa, imaginando que ela me ajudará ao saber que eu, enfim, sumirei e o rapaz voltará a ser só dela.
Me calo.
As mãos dele estão nas minhas e eu sinto aquela coisa que eu ainda não sei nomear, mas que, com empenho, me emudece. Eu vejo alguma verdade, qualquer uma, escondida naqueles olhos. Ele pede, num gesto, que eu fique. Pede para eu ficar por perto, para eu permanecer aqui.
Eu acredito.

Eu fico.

Me sacrifico apenas por saber que as mãos me acalmarão durante o desespero.
Sem que eu pudesse evitar, passei a olhar, descaradamente, para moça. Ela deve imaginar, como eu imaginei, que a olho única e exclusivamente por ciúme do rapaz.

Ciúme: é essa a palavra-chave - senão o sentimento.

Mas eu sei, eu sei que não é apenas isso. Não há só isso. Eu tento me encorajar a deixar tudo para trás, tudo de lado. Tento imaginar o quão felizes eles poderão ser se eu descer da roda. Se eu desistir de tudo. Se eu soltar essa mão que, no momento, parece ser a coisa mais importante que eu tenho.
Às vezes, no ápice da loucura, eu tento convence-lo a fazer a roda parar de girar, mas ele não quer e eu, por mais triste que seja admitir, o entendo. Esteve tanto tempo parado, tanto tempo com os pés cravados ao chão. É encantadora a maneira como ele segura minha mão e pede pra eu ficar.
Seria ideal se, talvez, eu fosse à única a conhecer o calor daquelas mãos.

Os dias passam e eu descubro as pessoas que o cercam.
Há outras moças; muitas.
Moças que ele acalma enquanto eu durmo; e há uma, única, que ele deixou no chão - a mais importante, talvez, a que faz que com que ele pare de girar com a roda.
Ele pede para que todas fiquem, eu sei. Ele não desiste de nada e não quer sair da vida de ninguém. Às vezes eu finjo que durmo só para vê-lo tocar uma das desconhecidas. Em noites assim eu choro, baixinho para que ele não me ouça, e ao fim do choro não encontro o verdadeiro motivo.
Não sei se choro por não conseguir deixar a roda, e seguir em frente, ou por saber que quando a roda parar, de fato, ele voltará e encontrar a única que realmente importa.

Talvez eu queira ser importante.

Acho que por mais que eu queira não há como abandonar essa roda que não para. Não ainda. Não agora. A roda gira e gira e me leva para longe, às vezes para tão longe, que eu me desconheço. Passo o dia esperando os minutos da atenção direcionados a mim e qualquer sentimento inesperado me faz correr de encontro aos braços dele. Eu não sou assim. Eu não quero ser assim.
Mas parece que quanto mais a roda gira, mais eu me torno aquilo que eu não gostaria de ser.

Eu tenho tanta vontade de pular daqui, de me jogar de encontro ao chão e, de lá, dizer que dessa vez ele perdeu que eu venci que eu consegui sair da roda sozinha que eu estou feliz e que ele... Ele perdeu a chance de entrar pra história.
Essas coisas são rápidas, entende?

Quando a porta se abre você tem que estar pronto para entrar.

Estou procurando a chave para trancar minha porta, mas parece que, de propósito, só vasculho os lugares errados.
Tenho medo de trancar a porta e me arrepender.
Tenho medo de deixá-lo do lado de fora.
Tenho pena.
Tenho amor.

Talvez o amor seja a roda gigante; girando, e girando, distribuindo os papeis - triste e feliz - dentre os participantes. Talvez eu tenha inventado a roda para arrumar uma desculpa para amá-lo de alguma maneira.

Talvez tanta coisa, telespectadores.

A moça de preto me olha cada vez mais de perto e o rapaz me veste de tanta confusão que eu não posso lhe dizer se está perto ou longe, dentro ou fora.
Mas garanto, senhores: ele está!
E ele fica.
E ele não quer ir embora e eu não quero, de jeito algum, que ele se vá.

No fim de tudo acho que eu voltarei para o chão e encontrarei aquele que eu deixei; meu único, minha insegurança mais segura.
Acho que meu medo não deixará que eu o impeça de ir de encontro ao passado que ele tanto sente falta.
Talvez ele nunca tenha se desgrudado do passado.
Talvez ele ame, arduamente, a moça de preto.
Mas eu sei, meus senhores, eu sei que no fim eu vou encarar a verdade: a roda gigante jamais existiu.

sábado, 12 de dezembro de 2009

paredes

aliviada eu respiro, após o vendaval, após o vento que passou varrendo minhas memórias. a princípio o odiei e fiz promessas que o obrigavam a sentir dor aflita. depois desfiz. era necessário. é necessário. foi.

as coisas vão embora, cedo ou tarde, sempre vão. ele só adiantou a ida. só facilitou a perda. quanto se perde tudo a humildade faz a compreensão surgir com mais rapidez. de outra maneira eu jamais compreenderia. o odiaria sem me importar. agora me parece estranho, e um tanto ausente dizer, mas eu o amo; e é só.


enlouquecendo enlouquecendo enlouquecendo enlouquecendo enlouquecendo...!

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sexta-feira, 11.

Me perder, pra te encontrar, em mil bocas que se beijam sem ser necessário fechar os olhos.

Os olhos não se fecham; ela nunca dorme.

Escreve por impulso, corre por impulso, beija por impulso.

Bebe.

Fala.

Impulso! Impulso! Impulso!

Quase um empurrão.

Quase qualquer coisa.

Quase qualquer quase.

As xícaras estão sendo quebradas na cozinha.

As toalhas estão sendo lavadas à mão.

O café está pronto e amargo.

Ela não está.

Jamais estará pronta.

Nunca.

Os olhos sempre abertos; ela nunca dorme.

Tem medo de mudar a pagina, de sair da linha.

Com os olhos abertos tudo permanece igual.

Mas basta uma piscada pro eterno se tornar efêmero.

Arrisca?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Qualquer coisa que o valha

Era uma vez...


Eu tentei começar a história.

Eu tentei começar uma história; mas não conseguia me desgrudar desse "era uma vez" que não exprime coisa alguma. Eu tentei sair do inicio e, desajeitada, tentei alguns passos.

Caí.

Como qualquer coisa, desajeitada, que tenta um salto e acaba no chão.

Eu tentei e tentei e ousei e até gritei por ajuda - eu sempre grito.


Silêncio.


Há horas em que ninguém sabe o que é melhor para você; há horas em que apenas você tem o poder de devorar ou destruir.

Eu sempre acabava fazendo as duas coisas e sempre, eu digo sempre mesmo, me induzia ao vômito na manhã seguinte.

O corpo, doente, já não suportava tanta indecisão.


Eu não suportava a decisão.


Ele não me dava escolhas, já havia traçado o caminho e a mim só cabia decidir continuar ou ficar aqui sentada.

Eu estou tão cansada, senhores.

Tão cansada desse disse que disse, desse chove e não molha, de ser essa coisa desajeitada que em vão tenta um salto.

Estou querendo ficar quietinha, desconhecida, no meu canto, apenas vendo o mundo girar e as coisas acontecerem.

Sempre quis saber como tudo seria sem as minhas mãos invasoras e palavras sem nexo.

Eu penso tanto nele em noites assim e, no fim, acabo o reduzindo a nada. Acabo transformando o indicio de sentimento em pó e qualquer vontade em tentativa vã.

Eu preciso parar de escrever histórias e matá-las sem saber os fins.

Eu preciso parar de escrever histórias!


Era uma vez e...



Jamais será.


ps: ando tão repetitiva. desculpa.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Inércia impura

As luzes se acenderam e, agora, eu podia vê-lo claramente.


As mãos caídas sobre as pernas, o corpo exausto e aquele ar de quem sabia onde estava, como chegara até ali e o porquê da vinda. O sorriso ainda era o mesmo, igual há três séculos – ou três minutos, não sei –, quando a gente se viu pela primeira vez. Agora só eu o via. Só eu o ouvia. Só eu, só eu.


Eu só.


Era domingo, as cortinas se fecharam, as luzes se acenderam e eu encontrei aquele que eu sentia tanta falta. Ele não me via. Não podia me ver ou não queria ou não conseguia ou apenas queria não conseguir. E eu me entorpecia daquele cheiro que vinha só dele.

Por Deus, como eu quis beijá-lo aquela noite. Como o meu coração sentiu necessidade em senti-lo, como eu precisava, arduamente, daquele corpo sobre o meu ao menos uma vez mais. Ele permanecia estático; as mãos caídas sobre as pernas, o sorriso de exaustão nos lábios. Eu já me encontrava contorcida ao chão, vestida em cólera, rezando para saudade me deixar em paz. As memórias, agora acordadas, corriam como vultos a minha volta, entoando canções que me transportavam para um mundo paralelo ao meu. Me empurravam para qualquer coisa, para qualquer um; me faziam contorcer a olhos vistos e gritar teu nome por todos os cantos do quarto. Gritei até alguém me ouvir, até a garganta sangrar, a boca arder e a audição ficar escassa.


De nada adiantou.


Você nem se moveu, sequer olhou em minha direção. Continuou imóvel, misterioso, lindo, dormindo em sua moldura de fotografia. Eu sabia que a claridade machucava, eu sabia o quão segura a escuridão podia ser. Agora me pego dançando a sua volta, tentando trazer qualquer vestígio de atenção para mim, tentando provocar qualquer sentimento por menor, e mais impuro, que seja. Qualquer um, meu bem. Me odeie, me maldiga; morra de raiva ou, então, de nojo. Cuspa em mim. Escarre. Me jogue num canto qualquer e me corte, me queime. Qualquer coisa, amor, mas, por favor, não me olhe como se estivesse olhando o nada. Tire esse sorriso do rosto, tire as mãos das pernas, feche os olhos e durma. Descanse. O mal já foi embora, e eu zelarei por você.

Os meus olhos estão cansados de olhar os seus que mais parecem promessas. Meu coração não suporta bater tão descompassado. E o meu corpo, lasso, não é capaz de abrigar tanta vontade. Sai dessa redoma que te protege, meu amor. Sai de si. Crie vida, vem para o mundo. Vem para o meu mundo e dançaremos, livremente, nesse breu que nos consola.


Ah, meu bem, se eu soubesse como lhe trazer pra perto...


Se eu soubesse como lhe tirar de dentro e colocá-lo ao lado, eu o faria, meu amor. Sem duvidas, sem culpas, sem pena.


Mas eu não sei.


Enquanto o seu viver me consome eu só peço, a qualquer um, que os telefones toquem, que as cartas cheguem e que, enfim, o porta-retrato se quebre.


Garotas da postagem anterior: Aceito QUALQUER livro do Caio. rs Aliás, acho que to quase merecendo, hein, duas décadas não é brincadeira, não. hahaha

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Carta

Pois é, Passado, mais um ano, hein? Quem diria... Eu aqui, você aí. Sem telefonemas. Sem presença. Só essa ausência que soa meio fria entre nós dois.

Preciso lhe dizer que, graças a um rapaz meio palhaço aí, quase te esqueci. Palhaçada? É. Isso mesmo: Palhaço. E mesmo que ele não tenha entrado para história, eu sou grata pelos acontecimentos; me fez acordar, erguer a cabeça, aprender algumas coisas e ver que nem tudo estava perdido. É Palhaço, mas é gente boa, e não entrou para história porque talvez seja melhor assim. Eu estou bem compreensiva ultimamente, Passado, então queria aproveitar para lhe parabenizar.

Mentira.

Na verdade eu apenas queria lhe dizer que eu não me lembrei. Que eu não apareci para matar a saudade porque a saudade também não apareceu. E que talvez eu te odeie porque eu ainda não saiba ser totalmente indiferente, mas eu ainda tenho muito a aprender. E vou. E quero.

Parece que a gente tem um "encontro marcado" no próximo ano, afinal disseram que minha felicidade anda lado a lado com você. Eu não acreditei e, se eu tiver sorte, ainda me safo e encontro a felicidade antes de te encontrar. Existem rapazes por aí, não é? O Palhaço não pôde, mas outro poderá, outros poderão. A história é longa, Passado, e agora a caneta está comigo.

Sou eu que escrevo.

Só não quero perder tempo, por isso prefiro cometer erros novos ao repetir os antigos. Olhar para frente e deixar o que ficou lá atrás. Deixar tudo aí, com você. O ressentimento, os sentimentos, a renúncia.

Eu assumo que te amei. Assumo sem problema algum (o Palhaço me ensinou a não suavizar certas coisas. É 08 ou 80). Eu te amei e ainda há vestígio desse amor, é claro, mas eu estou decidida a me libertar. Eu não quero me sacrificar pelo já acontecido. O que eu fiz está feito. O que eu disse está dito. Mas os sentimentos, Passado, ah... Os sentimentos mudam.

Parabéns, querido! Parabéns por mais um ano de vida e por cair no esquecimento.

Como disseram que eu falo muito, e faço pouco, vou tentar inovar; não vou lhe dizer, cara a cara, tudo isso, o meu silencio e minha falta de interesse lhe fará entender.

No mais quero que você seja feliz.

Camila.

02/12/2009

ps: ei, Palhaço! Obrigada rs ♥

Respondendo aos comentários do ultimo texto:

Aquele trecho foi tirado do livro O Inventário do Ir-remediável. O escritor é o Caio Fernando Abreu (minha paixão ♥ rs) e eu só li três livros dele até agora, mas o meu aniversário tá chegando e eu aceito livros de presente :D

Aqui vocês encontram textos dele.

Boa leitura.

Música no blog again! riri


terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O mar mais longe que eu vejo

"Talvez, sim, talvez eu fosse mulher, porque pensava no príncipe, a minha mão direita era a minha mão e a minha mão esquerda era a mão do príncipe, e a minha mão direita e a minha mão esquerda juntas eram as nossas mãos. Apertava a mão do príncipe sem cavalo branco, sem castelo, sem espada, sem nada. O príncipe tinha uns olhos fundos, escuros, um pouco caídos nos cantos e caminhava devagar, afundando a areia com seus passos. O príncipe tinha essa coisa que eu esqueci como é o jeito e que se chama angústia. Eu chorava olhando para ele porque eu só tinha ele e ele não falava nunca, nada, e só me tocava com a minha mão esquerda, e eu cantava para ele umas cantigas de ninar que eu tinha aprendido antes, muito antes, quando era menina, talvez tenha sido uma menina daquelas de tranças, saia plissê azul-marinho, meias soquete, laço no cabelo, talvez. Sabe, às vezes eu me lembro de coisas assim, de muitas coisas, como essa da menina - como se houvesse uma parte de mim que não envelheceu e que guardou. Guardou tudo, até o príncipe que um dia não veio mais. Não, não foi um dia que ele não veio mais, foram muitos dias, em muitos dias ele não veio mais, a água do mar salgava a minha boca, o sol queimava a minha pele, eu tinha a impressão de ser de couro, um couro ressecado, sujo, mal curtido. E havia essa coisa que também esqueci o jeito e que se chamava ódio. De vez em quando eu pensava eu vou sentir essa coisa que se chama ódio. E sentia. Crescia uma coisa vermelha dentro de mim, os meus dentes rasgavam coisas. Devia ser bom, porque depois eu deitava na areia e ria, ria muito, era um riso que fazia doer a boca, os músculos todos, e fazia as minhas unhas enterrarem na areia, com força.

Tenho um livro comigo, não é um livro, era um livro, mas depois ficou só um pedaço de livro, depois só uma folha, e agora só um farrapo de folha, nesse farrapo de folha eu leio todos os dias uma coisa assim: "Tem piedade, Satã, desta longa miséria". Só isso. Fico repetindo: "tempiedadesatãdestalongamisériatempiedadesatãdestalongamisériatempiedade" tempo, tempo. Aí sinto essa coisa que ainda não esqueci o jeito e que se chama desespero.

[...]

A gruta é úmida escura fria. Não tenho roupa, não tenho fome, não tenho sede. Só tenho tempo, muito tempo, um tempo inútil, enorme, e este farrapo de folha de livro. Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. Mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.”.


Caio ♥