quinta-feira, 30 de abril de 2009

Amor é

Beber, beber, beber.
Encher a cara de vodca e depois voltar para casa sem me lembrar de muitas coisas ou pessoas; se a pessoa for interessante eu lembro, se o beijo for bom eu lembro também. Se me puxarem para um canto e jogarem palavras nos meus ouvidos eu vou me lembrar do puxão; palavras não me servem de nada mesmo.
Beber. Rir. Beber. Rir demais. Beber.
Fazer inúmeras coisas sem sentido algum.
Vodca, vodca, vodca.
Depois voltar para casa, com os amigos, de porre e feliz. Sem precisar me explicar para ninguém (só para mamãe se eu, por um erro de percurso, passar mal e sujar o chão do banheiro).
Beber, beber, beber.
Vodca, beijo, bebida, puxão, beber, rir, feliz...
Até o dia em que eu me cansar.
Até o dia em que eu me suicidar.
Amor é suicídio
Até o dia em que eu achar um namorado bacana – se ele não me achar antes – e me enforcar de vez.

Repito: Amor é suicídio
“foram felizes por vinte anos, até o dia em que se conheceram”
Cara, acho que não nasci pra isso.

domingo, 26 de abril de 2009

É só o inferno (e mais nada)

Você sabe que um dia irão cobrar a alma que você vendeu e, então, dançará, como Helena, em teu próprio funeral.
Pois essa voz que lhe pede pulso firme e pessoas mortas não lhe deixa viver, há muito, e o teu corpo pede paz enquanto tua alma já não tem descanso algum.
Tua mente; essa não lhe cobra nada e você sabe que chorar não vai te fazer bem. A fumaça cobre teu rosto e todas as cores se unem numa só; cinza.
É tudo cinza.
Monstros invadem a tua casa, acabam com tua ceia santa e arrancam cabeças que não param de rolar; riem, cospem, e você ainda brinda a vinda deles, alegremente, numa cegueira tamanha.
Inimigos visitam tua casa.
Amigos lhe apunhalam as costas.
Você culpa o mundo por tudo o que vem te matando aos poucos, culpa as pessoas e os monstros que você mesmo alimentou. Sonha com cabeças rolantes e corpos carbonizados e acorda fingindo ter um sorriso no rosto.
Tuas mãos já não trabalham juntas e algo arde, incessantemente, dentro de você; você diz não entender e jura que quando encontrar o culpado acabará com a vida dele.
Quando encontrar; se um dia encontrar.
Mas não se preocupe, e nem perca corpo, tentando fazer justiça com as próprias mãos.
Ao fim de tudo irão lhe mostrar o carrasco;
Erguerão um espelho em tua fronte.

"Foi tudo em vão, eu sei..."

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Sei não, mas acredito

O teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer, e o meu, poesia de cego, você não pode ver. Não pode ver que no meu mundo um troço qualquer morreu, num corte lento e profundo, entre você e eu. O nosso amor a gente inventa prá se distrair, e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu. Te ver não é mais tão bacana quanto a semana passada; você nem arrumou a cama, parece que fugiu de casa; mas ficou tudo fora de lugar, café sem açucar, dança sem par; você podia ao menos me contar uma história romântica...

Cazuza

OBRA DE nãotenhooquefazer ARTE


domingo, 19 de abril de 2009

O Funeral

Ao adentrar aquela igreja e vê-la deitada, estática, em meio a tantas flores, o meu coração veio à boca; senti, por horas, o gosto daquele órgão pulsante tocando minha língua. As lagrimas surgiram involuntariamente e, eu, me encontrei parado ao lado daquele caixão, beijando, desesperadamente, aquela boca já sem vida, fria como nunca fora e roxa como sua cor predileta. As horas passaram e eu não pude sair dali um momento sequer; estava grudado ao chão.
A igreja estava tomada por pessoas e pessoas e mais um bocado delas, enquanto eu me sentia sozinho com a lembrança de dias, ensolarados, em que aquela mão estava quente, como o sol, e que a mesma boca que agora beijo, com avidez, me dizia: - será para sempre. Agora tudo se resume em um corpo numa caixa de madeira; nunca mais verei aqueles olhos verdes e, tampouco, ouvirei sua voz fina reclamar da minha barba, por fazer, que roçava, por pirraça, sua pele branca. Os dias em que dormimos e acordamos juntos se findaram; e não posso me enganar acreditando que ela voltará amanhã ou semana que vem ou, quem sabe, no próximo mês.
Ela não vai voltar; nunca.
Não voltará para ver nosso jardim florescer na primavera; para cuidar da Zan que teve filhotes na semana passada; para dizer que me ama e que tudo ficará bem.
Não.
Agora algumas pessoas me puxam e outras tapam aquele rosto, lindo, que eu só verei em fotos.
Choro.
Me desespero, e tento impedi-los, em vão.
– Vamos ao enterro – alguém diz.
E eu começo a prestar atenção nas vozes que me cercam.
– Ela era tão jovem!
– Que pena, tinha uma vida inteira pela frente...
– Como aconteceu essa tragédia?
Tenho vontade de gritar para que todos se calem e respeitem o silêncio da minha dor. Maurício coloca as mãos em meu ombro e eu sinto que a pior hora está por vir; caminhamos até o cemitério e, lá, em meio aos prantos, deixamos o corpo que me amou por todos esses anos.
Não tenho forças para dizer nada, não tenho nada; não tenho a mim.
Volto para casa como um morto e vejo o nosso retrato envolto por aquela moldura de que ela gostava; eu gostava dela, a amava; tanto. Choro pelos filhos que não tivemos, pela segunda Lua-de-mel, em Veneza, que deixamos para o próximo mês; choro por todas as pessoas que não tiveram o prazer de conhecê-la e, por mim, por tê-la perdido sem ao menos poder me despedir.
Num puro ato de desespero pego as chaves do carro e paro em frente aquele museu de cadáveres, entro no cemitério e deito em cima de sua sepultura; como se assim eu pudesse sentir seu corpo pela ultima vez. As lagrimas fogem dos olhos e as palavras, antes sussurradas, chegam aos meus ouvidos rapidamente e em alto e bom tom; digo tudo o que eu sempre quis dizer e não disse, abro meu coração derramando, ali, todo o meu amor; sinto um calor enorme me invadir, sinto a presença indiscutível de Luíza e sei que se haviam outras almas naquele lugar elas estavam quentes e emocionadas como eu.
Me despedi.
Finalmente me despedi como deveria ter sido e saí de lá com a certeza de que ela me responderia de alguma forma.
Respondeu.
No dia seguinte, mexendo nos pertences daquela que fora minha amada, e amante, por longos, e felizes, anos, encontro um livro antigo e empoeirado; ao folheá-lo me deparo com linhas sublinhadas que diziam claramente: “o verdadeiro amor não precisa ser dito, é necessário senti-lo e só”.
Ao lado a letra engraçada de Luíza ousou um comentário singelo: “Eu sei”.
E desde então eu soube;
E desde então “Sabemos”

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Daniela

A beleza do amor foi se acabando com a entrega do corpo; foi se esvaindo por entre os dedos, pela força daquelas mãos que se juntavam, demasiadamente, para mostrar que um pertencia ao outro.
A magia daquele amor foi embora com as brigas que nunca existiram, com as cenas de ciúme que não aconteceram e com todas as cobranças que, eles, deixaram para mais tarde; o que eles não sabiam é que o ‘mais tarde’ é sempre tarde demais e que amor pede urgência.
Talvez ela soubesse disso ou, então, imaginava saber; os pensamentos gritavam alto demais e ela sentia como ninguém que, uma hora ou outra, o fim chegaria.
Ela sabia e sofria.
Ele sabia e queria.
As coisas aconteceram sozinhas e sem muita vontade ou conversa, só choro e desculpas e um amorzinho que parecia não ir embora jamais; vive dentro dela e talvez viva para sempre, enquanto nele nem chegara a ser amor.
Aquela PAIXÃO que antes era direcionada a ela, agora, passa por vários corpos e bocas que talvez ele nem conheça ou faça questão de conhecer.
Ela diz que ele mudou.
Ele diz para esquecer.
E eu digo que é tempo perdido.
Talvez ela o ame por um longo tempo; talvez um longo tempo dure apenas três minutos.
— Um dia tudo passa – ele disse.
E ela só lamenta por ‘um dia’ demorar tanto a chegar.

ps: é um porre ter que levantar da cama, às 5:13, e deixar o livro do Rubens Paiva de lado só porque esqueci de desligar a merda do estabilizador. --'

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O mal de Maria

Acordou e não viu ninguém ao lado.
Levantou e não se encontrou no espelho.
Prendeu os cabelos e saiu sem olhar para trás.
Deu mil voltas maltratando o asfalto.
Pensou e repensou aquele velho plano.

Sentou.

Viu crianças brincando no parque; sorriu.
Sentiu a brisa tocar o rosto; agradeceu.
As gotas de chuva tocaram sua pele; chorou.
Olhou para o céu e fez promessa; não seria mais a mesma.
Gargalhou ao pensar num futuro, ao sentir vontade e ao ver a mudança brotando dentro dela.

Cansou.

Voltou para a casa chutando o asfalto; perdeu pedaços de vontade pelo caminho.
Pulou o portão e pegou as chaves debaixo do tapete.

Entrou.

Tomou um copo d’água, pegou o livro que contava, sem saber, a sua história e se deitou no sofá; dormiu.
Acordou com as lambidas da pequena Zelda.

Sorriu.
(havia pesar naqueles lábios)

Tomou um banho.
Assistiu TV e foi se deitar pensando no romance da novela das oito.

Sonhou.

Um velho amor voltaria e eles seriam felizes como deveriam ser.

Acordou.

Acordou e não viu ninguém ao lado.
Sonhou – mais uma vez – de olhos abertos, com tudo aquilo que queria ser e não foi.
Levantou e não se encontrou no espelho.

Não saiu.

Não fez nada o dia todo – ou a vida inteira.
— Acho que a mudança vai ficar pra outra hora – diz, fitando o teto, como se Deus estivesse lá em cima se preparando para descer.

...

Enquanto isso, num lugar longe para poder chegar e infinito demais para entender, Deus ri.
— Eu sabia.
Joga a moeda pro alto e decide a sorte do próximo participante desse grande reality show.

Cara ou coroa?

domingo, 5 de abril de 2009

Noite passada

Estranhamente sinto saudade de tudo; saudade morta e passageira.
Aquele sorriso, fácil, foi se embora junto com os cabelos compridos.
Talvez o sorriso tenha ido antes, mas o cabelo seguiu o mesmo rumo te tornando, ainda mais, triste.
É tão estranho acompanhar uma mudança a olhos vistos, a luz do dia.
Mudança infeliz que seus olhos insistem em dizer que foi um querer seu.
Não acredito. Não acredito e não entendo.
O que te esconde?
O que te obriga a se esconder?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Eu não sabia que as palavras pesavam tanto

"— E eu queria que você estivesse comigo e não com aquele outro cara. Eu queria que fosse minha pele que estivesse tocando na sua...
E aí está.
A estupidez em sua forma mais pura.
— Ai, Ed... — Audrey olha pro outro lado. — Ai, Ed...
Balançamos os pés.
Fico olhando pra eles, e olho pro jeans nas pernas da Audrey.
Ficamos lá sentados.
Eu e Audrey.
E a sem-gracice.
Espremida ali, bem entre nós.
— Você é meu melhor amigo, Ed.
— Eu sei.
Essas palavras podem matar um homem.
Não precisa nem de arma.
Nem de balas.
Só das palavras e de uma garota."


Eu sou o mensageiro - Markus Zusak
Minha net tá zicada, volto quando tudo estiver em ordem; amanhã ou no próximo mês.