domingo, 27 de junho de 2010

(79) dias

Me encontro na linha tênue entre dar a mão e virar as costas. Me equilibro nessa linha oscilante, às vezes até com um guarda-chuva na mão. Sempre sorrindo, é claro. Sorrir é muito importante quando não se sabe o que está fazendo e não tem a mínima certeza sobre o próximo passo a ser dado. Tenho vontade de sair correndo, deixar linha tênue, guarda-chuva, certezas e incertezas e voltar para casa, para um lugar confortável, onde eu possa fechar os olhos e fingir que tudo não passou de um sonho. Ótimo. Perfeito. Se é tão fácil assim, só me resta voltar. Então, com todo cuidado do mundo, desço da corda bamba, jogo fora o guarda-chuva, jogo no bolso os pedaços de verdade, me despeço do publico e me vou. Nessa hora o alívio devia inundar meu corpo, afinal agora eu tenho todo o espaço da solidão para respirar.

Era pra ser assim...

Tinha de ser assim...

Se o meu coração não tivesse ficado lá, nas mãos daquela garota que sorri bonito. Se ela não o tivesse mordido, se não tivesse pego essa merda de aparelho pulsante e enfiado no bolso. Se ao acordar os pensamentos não fossem para ela e as primeiras palavras que chegassem aos meus ouvidos não tivessem o som da sua voz, talvez ,assim, eu ficasse aliviado, eu pudesse respirar. Mas no momento eu estou em casa, morto de saudade, e cheio de vontade de voltar para minha brincadeira do equilíbrio só pra encontrá-la. Morto de vontade de dizer que eu não quero que devolva meu coração mordido, mas que agora ela terá que ficar comigo também, conosco. Que além de ser a garota da platéia com sorriso bonito, ela é a minha quase bailarina. A única no picadeiro. A graça dentre as inúmeras pessoas sem graça e desinteressantes que assiste ao meu show.

Eu sei meu bem, eu sei: não exija o eterno do perecível.

Eu não exijo, só desejo.

E descubro que algumas vezes ser amado é importante. E o que eu venho sentindo me faz bem.

No nosso caso acredito na reciprocidade, mesmo essa ficando escondida às vezes.

No nosso caso será eterno – ou efêmero, não sei; só quero que seja bonito e que eu não caia jamais.

terça-feira, 22 de junho de 2010

"Não quero você mais na minha casa
Corpo e rosto em pedra
Sei o que me fere em você
Eu não quero nada
Com seu riso indecente
Já conheço o seu tempero
Seu segredo e seu suor
Mas não consigo perder mais tempo
Você tem que ir embora
Já começa a amanhecer
Parece outro dia negro"

segunda-feira, 7 de junho de 2010

"Outra vez, eu tive que fugir
Eu tive que correr, pra não me entregar
As loucuras que me levam até você
Me fazem esquecer, que eu não posso chorar"

quinta-feira, 3 de junho de 2010

aconteceu

Venho tentando me enquadrar nesse quadro que me encontro sem saber por que, sem saber se há um por que. Venho tentando me manter forte, manter a cabeça no lugar e não tomar nenhuma decisão precipitada. Mas às vezes é tão difícil. É tudo tão difícil. Sempre que fecho os olhos a mesma coisa aparece em minha mente. A mesma cena, as mesmas atitudes. Me encontro cansada. Cabeça dispersa e coração machucado. Me encontro perdida e já não sei que caminho tomar... Escrever já não alivia, confunde. Crise geral.