sábado, 25 de julho de 2009

pois é

"Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é?"

SEM NET POR TEMPO INDETERMINADO :/
Não me abandone, gente, eu prometo que volto :)

domingo, 19 de julho de 2009

Entre quatro paredes

Atravessei a casa correndo, desesperado, querendo, mais que nunca, me ver guardado por quatro paredes. Entrei no quarto. Bati a porta. Fez barulho. Mas não qualquer barulho. Era barulho de porta batida em quarto vazio. O quarto não estava vazio, eu estava lá. Gritei como louco. E os meus gritos criaram asas e voaram por todo aquele cômodo; voaram, se debateram e caíram, mortos, ao chão. Sujaram o tapete de sangue. Grito sangra. Sangra, sim! Só podia ser sangue de grito. Eu não sangro nunca! E dai que eu estava machucado? E dai que a pessoa atrás daquela porta batida se importava com meu ferimento? Eu quero me curar sozinho. Quero dividir minha vida com as paredes. Mas ela não deixa; a Dona Dos Olhos Grandes insiste em me curar. Eu já disse a ela, trezentas vezes, que eu não estou doente. Não estou. Não sou. E os gritos voam sem parar. Atravessam a janela e acordam os vizinhos. E eu os jogo, para fora, com a esperança de que eles atravessem a parede certa e acordem A Menina Branca. Ontem ela disse tudo o que eu queria ouvir. Teorizou sobre amores e até disse as três palavras que formam a frase mais clichê do mundo. Disse tudo. Falou e falou e beijou. No final sempre acontece o beijo e, no fim, ela beijou. Perdeu-se naqueles braços que não eram meus. Deixou-se levar. Pediu que a levassem. E eu só gritei: Fica! Fica!
E ela ficou; aqui dentro.
Eu tentei sorrir e até coloquei band-aid para disfarçar os machucados. Mas as palavras estavam tão afiadas que eu não pude dar conta de tanto ferimento. Não pude. Eu quase a tive. Quase a toquei. Quase fui amado por ela. Os indícios me mostravam o caminho certo. Tudo parecia certo. E agora eu só me pergunto onde foi que eu errei. Onde foi? Me digam! Digam! Apontem o erro e depois riam de mim. Debochem. Se divirtam as minhas custas. Mas me mostrem o erro. Eu deveria me contentar com o abraço. Os abraços ficam para os amigos. Eu era amigo. Amigo demais para beijar a mocinha. E os gritos não param. Não param. Eu tapo minha boca, mas eles se esvaem pelos cantos. Batem nas paredes. Voam e morrem. Morrem. Sangram. Agora batem na porta. Batem e pedem para entrar. É a Dona Dos Olhos Grandes, eu sei. Ela quer me curar a todo custo. Curar-me da Menina Branca. Ela quer me levar daqui, quer me levar para ela. Não posso. As paredes me protegem, como muros, me impossibilitam de enxergar. Eu não quero ver. Não quis. Eu hesitei até o ultimo instante. Me fiz de surdo para não ouvir o que A Menina Branca tinha a dizer. Ela disse, mesmo assim, como se fosse cega perante minha surdez. E repetiu tantas vezes que quase me mutilou.
— Não diz mais nada, por favor. — pedi.
E então estava feito. Estava desfeito. Amor jogado fora. E foi como se aquela certeza inquestionável fosse quebrada. Como se aquela verdade absoluta fosse mentira. Eu corri. Corri para não chorar na frente dela, para não estragar o carpete com a minha água salgada. Atravessei a casa correndo. Bati a porta do quarto e convidei os gritos a me fazerem companhia. E nessa bagunça já não sei quem sou. A mão de alguém bate, sem descanso, na porta do meu quarto. Os gritos se debatem contra as paredes. E eu procuro, na memória, um erro para facilitar o entendimento. Pessoas batem na porta. Gritos morrem ao chão. Batem. Morrem. Batem. Morrem. Batem. Morrem. Morrem. Morrem. Morro; entre quatro paredes.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

introspecção

Com a mão na boca Ele reza baixinho, pedindo pra que Deus acabe de uma vez com a angustia. Prende as palavras com a mão. Fala e pede; reza. Sabendo que o fim será apenas o recomeço. Sabendo que o ciclo não para nunca. Nada para. A vida continua. Mesmo com esse corte fundo enfeitando sua pele. Mesmo com a ausência dançando balé na sala de estar. Tudo continua como sempre foi. Os carros correm sem parar. As pessoas vêm e vão pelas mesmas ruas. Brincam. Choram. Riem. Só Ele grita. Só Ele sofre.
Só.
Sozinho.


"Repito sempre: sossega, sossega - o amor não é para o teu bico"

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Desabafo, blábláblá e rock'n'roll

Relembrar o passado não me deixa triste, mas ainda não fui capaz de sorrir, abertamente, tendo os olhos voltados para trás. Talvez eu não queira sorrir, com a esperança de que o, tão esperado, sorriso futuro seja maior.
É; eu tenho esperança de um sorriso futuro.
E é essa esperança, essa fé sem propósito, que me destrói. O motivo do sorriso está lá atrás e voltar os olhos naquela direção me impede de sorrir.
Confuso, não é? Eu sei. É complicado demais.
Então essa é a hora em que eu devo reclamar da vida; reclamar de tudo que era para ter sido e não foi e de tudo que foi e não deveria ter sido. Reclamar do que deu errado e blábláblá?
Até gosto de reclamações, mas hoje estou sem saco então prefiro pular essa parte.
Quero simplificar. E aquela história de gritar que eu te amo em frente a sua casa, até minha voz sumir, não saiu do papel. Eu não saí do papel. Nada saiu. Eu nem sei se você mora no mesmo lugar. Eu não sei tanta coisa...
Não sei se ainda usa aquele perfume; se ainda odeia computadores; se ouve as mesmas musicas; se ainda se interessa por história ou, se ainda, me acha a garota mais mimada do mundo. Sei lá. Talvez você tenha mudado seus hábitos; tenha desistido de jogar futebol e decidido usar corretamente seus óculos e, talvez, esteja certo ao dizer que eu mereço uma explicação. Eu realmente mereço, mas não quero. Posso não querer, não posso? Não quero ouvir mais uma vez tudo o que já estou cansada de ouvir.
Desculpa, mas dispenso suas palavras.
É hora de tentar algo novo, hora de voltar os olhos para uma direção menos tensa. Deixar tudo para lá, ou para depois, cansa menos, entende? E eu quero estar menos cansada, e sorrir sossegada, mesmo o meu motivo estando longe.
Existe outros motivos, não existe?
Eu sei que existe, sempre existe.
Eu apenas devo me focar no novo e deixar o velho para trás. Simples. Como uma troca de roupa. Troco o antigo moletom pelo novo. É isso, não é? Simplicidade. Acho que foi isso que você me disse para fazer, não foi?
Não! Não foi.
Você nunca diz nada, apenas insinua. Odeia certezas. E eu odeio parecer tanto com você. Odeio ser, de certa forma, obrigada a entender seus atos apenas por agir exatamente igual. Odeio ser igual. Odeio te entender, odeio essa ladainha toda, odeio desabafos e, odeio ainda mais, não conseguir te odiar. É confuso demais; tanto, que eu já não sei o que lhe dizer. Não sei o que fazer, não sei para onde ir e, muito menos, que nome gritar. Não sei.
Então respiro fundo e fecho os olhos. É uma alternativa, não é?
Fechar os olhos pro mundo e deixar que tudo aconteça sem nenhuma, eu disse nenhuma, interferência minha. Essa historia de abraçar o que eu quero com força já está batida; não tenho força e temo que ele recuse o abraço.
Eu o quero. Assumo. Parei de mentir para mim. Parei de me enganar e fingir que não tenho essa merda de coração. O amo, pra caralho, mas me amo ainda mais. Pode, e vai, parecer egocentrismo, mas é a verdade. Eu me amo e não me permito dar murros em ponta de faca. Não me permito sofrer novamente.
Eu te quero, você sabe, e isso me basta.
Deixo aqui minha angustia de não ter conseguido te fazer feliz, ou de nem ter tentado. Deixo tudo abandonado nessas linhas.
É preciso seguir em frente e sem dor; embora, em segredo, aqui no cantinho, ainda doa. Às vezes a melhor coisa a fazer é deixar o passado no passado.
Eu não tenho escolhas.

E viva o rock'n'roll \o/

domingo, 5 de julho de 2009

Heterônimos

"Quando eu estiver morto suplico que não me mate"

São tantas em uma só que às vezes me perco. Tantas cenas. Tantas falas para decorar. Tanto não pra dizer. Tanto talvez. Tanto tanto. É demais. Excesso. Exagero. Sempre ultrapasso o limite permitido. Sempre quero mais e mais e mais. É sempre. Ou nunca. O talvez fica entre os dois para eu ganhar tempo e poder lembrar as falas esquecidas.

A Celeste, não.
Ela sempre sabe o que dizer na hora que tem de dizer. Sabe forjar, como ninguém, uma carinha de puta virgem. Sabe ser falsa. Sabe ser. Sabe sentir. Sabe tudo e só faz o que quer na hora que quer. E não se importa com os quereres alheios.
Tudo bem. Quem, de fato, se importa?

Mas são tantas. Tantas. Muitas. Milhares. Quase me perco. Quase desisto do jogo e volto pra casa com as fichas restantes no bolso. Quase me entrego.

A Tereza, não.
Ela nasceu entregue. Nasceu do mundo para o mundo. Nasceu para noite. Corre de encontro ao nada com o sorriso no rosto. Corre. Voa. Pisa no asfalto sujo como quem caminha por entre as nuvens. Não tem pressa. Não tem presa. Sorri bonito, os convidando para se juntar a ela. Eles vão. Sempre vão.
Tudo bem. Eu não me importo.

Só estou cansada. Cansada e vazia. O vazio cansa mais que qualquer outra coisa. Não esperar me desespera e me desesperar me deixa imune a esperança. São tantas. Tantas morando numa só. Tantas cenas. Pouco ensaio. Figurino tosco. Peça podre. E muita, muita, gente. Demais. Pessoas e pessoas sem ter o que fazer. Eu também não tenho...

A Maria, não.
Ela carrega o mundo nas costas. Se preocupa com o lado do pêssego, não mordido, caído no quintal da tia do primo da sua vizinha. Sente pena. Sofre pelos outros. Chora por eles. Tem preguiça por eles. Lamenta por eles. Vive por eles. Enquanto eles, simplesmente, não se importam.
— Carrega o mundo porque quer.
— Faz tudo porque tem vontade.
E quando pensa em voltar atrás, perde ponto. Perde vidas. Perde alma.
A dela. A sua. A minha.
Nossa alma.

São tantas. Tantas que às vezes me perco.
Tereza conquista;
Celeste machuca;
Maria conserta.

Até quando? Até onde?
Será que terapia em grupo resolve?

ps: Terça-feira estreia da peça MAIS BACANA DO MUNDO (a nossa..rs), todo mundo la, hein. Muita MERDA pra gente. (:

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Vazamento

O barulho é quase imperceptível. Quase não é barulho, mas está ali. Eu sei. Eu sinto. Eu ouço. É o barulho da espera. Afaga-me os ouvidos como se aquele amontoado de som fosse um carinho; uma maneira de dizer "estou aqui, com você". Eu não queria. Não quero. Mas não me levanto. O deixo ser barulho, ser ausência; o barulho da espera. É como uma torneira mal fechada, instalada aqui dentro, sabe? Instalada na partezinha que mais dói, a mais sensível. A torneira está quase aberta; mal fechada. Está pingando.. Pingo, pingo, pingo; pingos. Um atrás do outro. E dói. Dói ouvir o tilintar da gota caindo, tocando a superfície da parte sensível. Dói ouvir o barulho da espera. Dói esperar. Dói. Dói. A torneira está aberta e me inunda em dor. E eu não posso fazer nada. Nada além de esperar. Esperar o dia em que a mão estranha apareça e conserte meu vazamento.

ps: foi o Diegones quem me mostrou Caio Fernando abreu. Thanks, Dii
ps2: Maíra, muito obrigada por me mostrar o significado do nome Camila :)