terça-feira, 11 de agosto de 2009

Invisivel


Quantas guerras terei de enfrentar para, então, tocar o intocável?
A loucura pinta, com doçura, o meu rosto; ressalta detalhes e defeitos que eu jamais ousei expor. Me pinta como se assim ela pudesse tornar-se dona daquilo que nem eu fui capaz de dominar.
Quanto tempo vai levar até que eu possa, realmente, atingir o inatingível?
Quantas vidas? Quantos passos?
É um calculo perigoso; a cada passo dado, volto três. Três passos que me pegam pelas mãos e me jogam de volta ao nada dentro de mim. Remetem-me ao passado como se eu fosse uma carta mal escrita, empoeirada, esquecida numa gaveta sem tranca. Fazem-me de boba, com todo o poder que é lhes dado. Três passos têm um poder enorme. Um poder, perigosamente, incalculável.
Mas agora o passado me parece tão distante; tão arredio e ultrapassado. Ultra passado. Ficou tão para trás que eu já não consigo vê-lo com clareza. Parece papel queimado, jornal queimado. Cheira a cinzas. E olha que eu nem tive a oportunidade de fazê-lo fogo. Passou por mim e quando pude ver já eram cinzas. Cinzas de um fogo inexistente e sem cor, se ao menos fosse vermelho... Ah... Eu me orgulharia do tom, ao menos do tom.
Agora está tudo tão calmo por aqui; tão calmo que me assusta.
Sinto falta da falta, do barulho, das reclamações e, ainda mais, daquele verme que roeu parte do meu coração. Sinto falta da dor.
O Ser Humano é um porre!
Quando tudo está bem vai logo inventando uma dorzinha à toa. Dessa vez eu não quero. Quero deixar de ser humano ao menos uma vez. Quero sentir seu corpo pulsar sobre o meu, e te fazer sentir minha pulsação descontrolada. Quero mostrar meu descontrole. Quero te beijar a boca como nunca e lhe olhar nos olhos rindo de puro encantamento. Quero te trazer para perto; te ligar de madrugada e saber que você sempre estará aqui, aí ou em qualquer lugar. Só quero saber que sempre estará e que sempre vai ser e sentir como sempre.
Vou te aceitar.
Aceitar esse amorzinho que você me oferece de bandeja. E depois? Depois vou comê-lo; é isso que é pra fazer, não é?
Ou, então, posso aceitar seus beijos e te ligar na próxima semana pra dizer que sinto saudade e te quero por perto.
Quero estar perto.
Quero e é tanto querer que vaza, transborda de mim. É tudo tão estranho e tão descontrolado que no momento sinto falta de coisas que eu nunca vivi. Sinto falta da falta, lembra? E acho que a sua ausência causa incomodo aqui dentro. Quero te aceitar e aceitar muitas outras coisas e pessoas. Quero me deixar levar e me deixar viver. E estendo minha mão se, você, quiser pegá-la e me levar para longe disso tudo.
Me pega.
Me leva pra perto e me mostra que pode ser bom; que vai ser bom.
Me ensina a sentir o que você sente e o encanta.
Me ensina a te amar.
Por favor, me ensina a te amar.

6 comentários:

Malu Paixão disse...

Sim, Camila, o ser-humano É um porre! rss

mais um texto bom hein.. novidaaadee;

mas o melhor de tudo é que vc vem melhorando gradativamente. De onde sai tanta idéia?? caramba!!

ahh, tem um selo pra vc no meu blog. merecidíssimo. e fiquei mais orgulhosa ainda depois de ler seu ultimo texto! bjãoo

Amanda Galdino disse...

'É tudo tão estranho e tão descontrolado que no momento sinto falta de coisas que eu nunca vivi.'

Eu estou passando exatamente por isso. É como se você sentisse falta do beijo daquela pessoa, sentisse falta do toque dela, do abraço dela, mesmo sem nunca ter sentido nenhuma das coisas.

=***

NiNah disse...

Caracas, como você escreve uma coisa dessas?!
Adouro!
Sério mesmo. Muito bom.
Beijas

Erica Ferro disse...

Adorei seu texto.
Muito poético, profundo e intenso.
Me identifiquei com cada linha.

Muito bom seu blog, parabéns.

Estarei sempre por aqui.

gerson oliveira disse...

"Quero deixar de ser humano ao menos uma vez".

Muito bom teu texto *-*
E eu acho que é bem por aí que começa aquele tal "jogo da vida", é você se questionar e procurar um jeito de se conhecer melhor pra conhecer até onde você é capaz de ir.

Sei lá.. algo do tipo.
:*

B. Albano disse...

Não tem como garota! Não tem jeito. Tentei pedir isso pra tanta gente... me ensina a amar, pelo amor do que você chama de Deus! Mas não adianta. No fim quem me ensinou foi um garoto feio que fez apenas de tentar entender o que eu dizia.

Escreve como um gênio.