quinta-feira, 20 de junho de 2013

Resquícios

E então acordamos e descobrimos que tudo estava fora do lugar. A cama já era outra; os nomes eram outros; outros rostos; outra história, talvez - enfim.
A primeira coisa que me veio à cabeça: como chegamos aqui?
Eu não soube explicar.
Ela não soube explicar.
Ninguém soube e, então, seguimos em frente.

Já não ouvia o som da torneira pingando, não sentia o cheiro de café pela manhã e não ouvia o riso - e, honestamente, não ouvir o riso foi o que mais me machucou.

Outra vez fomos obrigadas a seguir; dessa vez sozinhas (ou quase).
Um abraço no lugar do beijo e um sorriso ameralado de quem sabia o que estava fazendo, mas não sabia o que estava por vir.
Normal.
Natural.

Mas preciso dizer que, às vezes, eu tenho a sensação de que a minha melhor parte ficou lá atrás, entre o riso, a torneira e o café. E é uma parte (quase minha) que jamais recuperarei.
Às vezes penso que o tempo resolverá os estragos e colocará tudo no seu devido lugar, mesmo sabendo que o tempo não tem o poder de resolver coisa alguma.

E há dias, como o de hoje, em que eu apenas não sei o que estou fazendo e me comporto como uma criança assustada e sinto saudade, muita saudade.
Uma saudade imensa, doída, sabe?
Uma saudade que nada tem a ver com os pingos ou com a xícara de café pela manhã, mas que, inevitavelmente, tem a ver com o riso.

Eu não sinto saudades dela.
Eu sinto saudades de mim.

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