quinta-feira, 12 de novembro de 2009

É de estimação

O deserto dessas ruas me faz lembrar de coisas que um dia eu quis esquecer. Hoje eu apenas quero revivê-las - mais que tudo e, talvez, mais que todos.
Caminho por horas tentando achar o caminho de volta pra casa, tentando me achar em meio ao caminho.
Tudo é deserto.
Apenas eu e a solidão caminhamos de mãos dadas.
A lua traz seu olhar sem a necessidade de um pedido, traz seus olhos pra tão perto, e tão dentro, que eu não posso, e nem quero, evitar. Choro sem querer. Por ter querer e saber que você não está.
Lamento a ausência que pisa fundo no peito e enche de fel essa garganta cansada.
Já perdi as contas de quantas noites em claro eu passei conversando com as paredes, de quanto tempo eu fiquei em silêncio esperando uma resposta qualquer.
O silêncio predomina até hoje; e as noites são tão longas.
Os sorrisos se perdem em meio ao chão antes que possam alcançar meu rosto. Minha alegria é estéril. Estéril ao ponto de me dilacerar enquanto eu mostro os dentes tentando ser feliz. Idiota quem inventou que pra mostrar felicidade é necessário, e fundamental, mostrar os dentes. Grande criança ingênua. Se eu lhe mostrasse meu coração entenderia o que eu lhe digo.
Por ora a solidão é minha única companheira, somente ela me acolhe quando os dias são tão frios.
A saudade já se foi, há tempos; graças à memória falha, graças ao tempo que não perdoa. O tempo cura tudo - ou não cura nada -, modifica tudo aquilo que ainda não deixou de ser.
Essas ruas, caladas, me remetem àquela cama bagunçada.
Me remetem ao beijo. Eu lembro do beijo.
Traz a tona um gosto, gasto, que agora parece mais meu do que seu.
Borboletas no estomago?
Minha face continua estática, mas o coração sorri abertamente.
Somente o coração sabe a verdade, e apenas a verdade é levada em conta.
Que as mascaras caiam mostrando todos os corações.
Que os mágicos façam o desespero sumir dentro das cartolas.
Que a bailarina dance para sempre no infinito.
Que eu, palhaço de mola, consiga sair, de uma vez por todas, dessa caixa.

"Ando todo intenso. E cada vez mais míope."
Caio F.
No meu caso: cada vez mais BESTA!

5 comentários:

Bruna Roberta Braz disse...

muito bom o texto adorei

Aline A. disse...

sua Besta!!

quero é os seus garotos!

rá!

texto bacana...

gerson oliveira disse...

Caio é foda né? hahaha

saudade é mais ainda.

Amanda Galdino disse...

foda mesmo. o.o

EmileJ disse...

larga a mão da solidão e vai andar de maos dadas é com a felicidade :D