quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Sem mim, sem nós; sensível.

Tem dias que viver dói até os ossos. Arde. Incomoda feito farpa no dedo. Em dias como esse cada passo demora um século, cada palavra equivale a mil, e todos os sentimentos se juntam num turbilhão. As horas não passam. As pessoas não aparecem. O telefone não toca. Você anda pela casa apagando luzes, procura refugio em todos os quartos, zapeia pelos canais de TV, revê fotos, lê cartas, manda torpedos, assiste a filmes; nada te satisfaz. Nunca. Porque naquele momento viver dói tanto e essa dor te consome tanto que você chega a pensar que é tudo. Fecha os olhos e tenta imaginar qualquer coisa boa para conseguir dormir; o sono não vem e a tal coisa boa também não. Em dias assim tudo é grande demais e pesado demais e dolorido e triste e decepcionante. Em dias assim você se decepciona. Em dias assim, eu escrevo. Rabiscos inoportunos e mil folhas rasgadas; sempre em terceira pessoa. Em primeira pessoa fere demais. Revela demais. Deságua. Apontar o outro é mais seguro. Posso até fechar os olhos, em paz, e contar tudo como se a história não fosse minha, como se as Clarices e Helenas e Luizas, de fato, existissem e vivesse tão dolorido quanto eu. Às vezes viver é um tapa na cara. E não interessa de onde vem a mão e se, ela, teve motivo. Que me interessa a porra de um motivo? A mim não importa os motivos, os princípios ou a culpa. Ta doendo, caramba! Ta doendo como fratura exposta, álcool em dedo cortado, puxão de cabelo, mão na tomada. PUTAQUEPARIU! Em dias assim... Em dias assim EU GRITO! Em dias assim vale tudo. Canto para os surdos, corro de encontro ao nada, te esqueço milhares de vezes, me esqueço o dobro, viro fumante, viro alcoólatra; viro poeta. Em dias assim eu escrevo — disse Ela.
Em terceira pessoa fica mais fácil.




"Escolha feita, inconsciente, de coração não mais roubado”.

5 comentários:

Aline A. disse...

"Ela" gosta muito dessas palavras!

Amanda Galdino disse...

Perfeito.
Do começo ao fim. Exatamente do jeito como eu me sinto, mas não consigo expressar.
Falar em terceira pessoa é sempre mais fácil. Você cria um personagem e se ilude a ponto de acreditar cegamente que não se trata de você, que as lágrimas que molham o papel são daquela outra personagem, mas nunca suas.
Em dias assim, eu também escrevo, mas esses últimos dias, nem isso eu tô conseguindo, então eu venho e leio. E você sempre toca o que eu sinto... Estranho, mas satisfatório e impressionamente bom.

EmileJ disse...

e ainda bem que podemos escrever. Imagine se não tivessemos o dom das palvras?
realmente, falar dela, escrever sobre ela é mais facil do que quando tiramos nossas mascaras e escrevemos do nosso eu ;D
um beijo gatinha:*
nunca mais te vi pelo twitter \o/

Unknown disse...

Meu Deus menina! Deixa de ser tão boa escritora assim! HAHAHA
Demais...
realmente, é bem mais facil escrever como terceira pessoa.
xD

Beijos s2

• || Rai || • disse...

Sksoksoksokso
Ah acontece com Camilas, Joanas, Sophias, Raizas, etc etc etc, koskoskoskos
Valeu ter passado no meu blog, viu?
Pow, é a primeira vez que visito seu blog, mto show ele ^^

Bjaum!