segunda-feira, 16 de março de 2009

Outra noite em Nantes

A velocidade com que cuspo minhas palavras, às vezes, me assusta; me sinto fadigada e desumana por tantos vômitos induzidos. Os verbos e pontos e frases mal escritas saem sem meu comando, voam como borboletas frenéticas que só vivem vinte e quatro horas. Voam e pousam em ouvidos tão alheios quanto os meus.
Outros arlequins se identificam e algumas pessoas ao pousarem os olhos sobre a mesma folha se transformam, em imediato, em arlequim. É tão estranho, e desajeitado, encontrar tantas dores iguais em pessoas tão desiguais perdidas nesse e vai e vem maquinal dessas ruas ilusórias. O momento é tão intenso que posso ouvir as batidas de algum aparelho descompassado, de perto; parece que está do meu lado; parece que está aqui dentro. Sem perceber volto pra casa com um coração a mais, no bolso, e as palavras se repetem num frenesi alucinante.
Queria me preocupar com alguns sentimentos necessários.
Queria entender essa teoria falida que inventei para poder viver.
Eu poderia me identificar com o arlequim como muitos de vocês, mas a cada dia me sinto mais distante e ausente e caótica. Já não posso controlar a minha necessidade de enfiar a mão no bolso e jogar todo o conteúdo na boca; mastigo dezenas de corações, por dia, como chicletes de hortelã que refrescam e aliviam minha alma.
- Sinto muito

ahhhhh...

11 comentários:

Tainá Facó disse...

Bonita! Olha, isso é fase. Momento. Tudo é questão de tempo...

E nada de pisar em corações, em machucar as pessoas e pensar que a vida é uma coisa banal!

Esse teu texto me fez lembrar um texto meu: "A vida não está aí apenas para ser suportada ou vivida, mas elaborada.
Eventualmente reprogramada. Consientemente executada.
Não é preciso realizar nada de espetacular.
Mas que no mínimo seja o máximo que a gente conseguiu fazer consigo mesmo".

Pense nisso.

Meu beijo!

NiNah disse...

Ahhhh!
Bjo bonita

Amanda Galdino disse...

Toda vez que eu leio um texto seu eu fico sem saber nem o que falar. Tudo o que você expressa me faz sentir tão... viva, mas tão morta oa mesmo tempo.

Sempre muito profunda ^^

gerson oliveira disse...

*-*
prefiro este layout pro teu blog. :)

kilder disse...

bem legal o blog, parabens!!

http://comumente-kilder.blogspot.com

Anônimo disse...

Hmm... mastigar corações... ahhhhh!!!!!!

Desarranjo Sintético disse...

Acho que ao mesmo tempo que nos identificamos com algo, nos identificamos com outros algos totalmente opostos, gerando uma confusão que o primeiro algo não pressupunha.
"e do caos se gerou a vida"...já disseram muitos livros sagrados...
Bjoks.

Fábio.

Mateus Bonez disse...

"mas a cada dia me sinto mais distante e ausente e caótica."

obg por descrever alguns sentimentos q jamais consigo por pra fora. Muiiito lindo tudo aqui.
Beijão e aparece. (:

Me tornarei seu seguidor ;D
http://tiomah.blogspot.com/

Anônimo disse...

Arlequim, querida, quanto tempo não viajo em seu blog.
Realmente me perco em seus textos e me vejo em muitos deles, sempre tem algo que aperta fundo.
É doloroso as vezes pra mim ler, por isso dei um tempo. Voltei, e estou disposta a ler seu lindo trabalho aqui. Não tão constantemente quanto antes, todos os dias eu necessitava vir e ler seu blog. E contava as horas pra sair um novo post. Quando isso nãoa contecia, eu relia.
Virou vicio, virei dependente de seu blog. Isso não foi justo comigo, pra ser honesta, esquecia de meus afaseres enquanto ficava aqui.
Bem, agora que consigo me controlar, rsrs, voltei.

:)
E parabens, seu blog continua impecável. Belo texto, claro.

De uma fiel leitora que nunca esqueceu nem esquecera seu blog, Rhaissa.

(meu blog desativado, que eu costumava comentar aqui: naosouemo.blogspot.com)

Beijos.
*--*

Marton Olympio disse...

Mastigar corações como se fossem chiclets!

SHOW! LINDO! BRAVO!


http://martonolympio.blogspot.com/2008/11/vida.html

Anônimo disse...

Arlequim, criei outro blog, no qual criei uma personagem.
Se quizer ler, deixarei aqui o link.
Beijos

Rhaissa (ex blog: naosouemo.blogspot.com)

Blog atual: abelhacolorida.blogspot.com