terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O sétimo

Me pego sempre desatando os nós enquanto alguém ri uma risada fina bem longe.

Em meio aos meus devaneios posso garantir que conheço aquela voz.

Algumas horas depois reconheço: é minha.

Eu rio, ao longe, enquanto trabalho; mão roxa de tanto forçar o afastamento das cordas; corpo dele e loucura minha, juntos numa encenação patética sobre laços e pessoas que dizem sentir.

Não sente, eu sei.

Não sente.

Não fique, vá embora.

Eu disse, desde o inicio, que depois de certo tempo seria quase impossível desatar aqueles nós, as cordas se moldariam uma a outra e se acomodariam sem perceber.

Mas mesmo assim ele fez questão de fazê-los, um por um, um atrás do outro, fingindo ser regido por algum sentimento que eu já desconhecia.

E onde está você agora, enquanto as minhas mãos sangram?

Onde está você enquanto meu corpo se rasga ao olhar pra trás?

Está fazendo nós, vários, muitos, e certamente usando o mesmo motivo que me fez acreditar.

Então, com essas mãos ardendo em brasa, eu te odeio!

Simplesmente porque, depois de lançada, a flecha não volta.


meio relapsa, eu sei, mas eu tô por ai. rs

2 comentários:

Amanda Galdino disse...

E a gente fica tentando desfazer os laços criados e forçadamente amarrados, enquanto ele se vai em busca de outros laços para fazer.


=***

Rhaissa disse...

Corte os nós, de uma vez só *-*
Ou peça ajuda à alguem, quem sabe esse alguém não consegue te soltar daí!

Gostei demais!
Beijão Ca :*