quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Rascunho

Será que ainda sei fazer isso? Será que ainda há em mim mil palavras a serem ditas? Será que ainda existem fantasmas no meu quarto? Me diz você! Eu continuo olhando pra uma parede branca às 23h de uma quarta morna.  Uma quarta morta talvez. Tão morta e morna quanto eu e você. Eu observo. Eu repenso. Eu questiono: - O que aconteceu aqui? Eu não sei. Você sabe? Parece que há algo perdido entre a carne e a alma. Aconteceu aos poucos. Foi se perdendo aos pedaços. Devagar. Um dia sim o outro não. Quando resolvi verificar já tinha partido. E o mais triste é que eu nem sei o que foi que partiu, o que foi se perdendo. O que foi?  Me conta você! É. Você mesmo. Você que vem aqui pra olhar minhas lágrimas e lamber minhas feridas. - O que aconteceu aqui? - pergunto. Não há resposta. Não há leitores sedentos por uma gota de inspiração que dará vida a um texto fodidamente real e bonito. Não há ninguém. Somos só nós. Eu e a parede branca. Será que eu ainda sei fazer isso?

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