segunda-feira, 5 de julho de 2010

05.07

Não tenho escrito por medo de escrever.

Antes eu pensava que com a caneta na mão eu poderia fazer o que eu bem entendesse, afinal eu comandava. O papel era meu. A caneta estava em minhas mãos. E a letra era minha. E, agora, estranhamente tudo permanece pateticamente igual. Nada mudou. Apenas esse medo idiota surgiu. Uma barreira que me obriga a engolir o que há muito está parado na garganta. Aquele grito que com o tempo emudeceu.

Venho me tornando uma pessoa covarde e, por covardia, me deixo ser.

Eu sei, eu sei que ninguém pode entender.

Eu não entendo. Para ser sincera não venho buscar entendimento nos olhares que me cercam. Só preciso suprir essa necessidade por palavras soltas. Palavras minhas. Minha necessidade. De mim. Para mim.

O telefone tocou, sabia?

Tocou e toca diariamente, várias vezes ao dia. Ela me procura. Ela me deseja. Julia aceitou meu amor ralo e quase miserável. Ela aceitou, me aceitou, nos aceitou, por assim dizer. E eu que a queria tanto, que a pintei com as cores preferidas dos meus olhos, a fiz perfeita nessas linhas e em seus detalhes, me recuso a aceitar. Não que eu não a queira como antes, como sempre. Eu a quero ainda mais, e esse é o problema, entende?

Julia me fez sentir coisas que jamais imaginei sentir. Julia faz com que o telefone toque e eu gosto e espero e conto os dias, as horas, às vezes até os segundos. Não mais desejei me desligar do mundo e me esconder dentre as cobertas para me fazer invisível. Quero ser visível aos seus olhos. Quero ser notada. Notável.

Julia de fato aconteceu, senhores.

E o meu medo vem com ela.

Passo as tardes com medo de errar. Passo dias. Um sentimento que poucas vezes me acompanhou agora me persegue. Tenho medo de errar com o que, mesmo de longe, parece meu único acerto. Acertei ao encontrá-la, ao conhecê-la, ao fazê-la minha. Acertei tão em cheio que agora já não consigo andar com medo de errar os passos. E, acredite, com essa ânsia por acertos, venho errando cada dia mais. Ela aponta os meus erros, vive a dizer que eu não estou pronta e que eu não entendo e que as coisas do meu ponto de vista se tornam sem razão. E eu, pra variar, tenho medo de acreditar nessas suas certezas e aceitar que eu realmente não estou pronta.

Talvez eu não esteja, Julia: digo.

Mas me diz você, quem está? Quem disse que era necessário estar pronto?

Eu não sei, Julia: digo sempre.

Eu nunca sei, ou finjo não saber...

Os meus pensamentos são de Julia; o meu corpo, meus olhos, meus desejos e sentimentos mais bonitos. As minhas palavras, não. Essas são minhas e quase nunca as solto pra ninguém.

Eu tenho muito medo de errar. Não escrevo por isso, não caminho, não me entrego... Não amo.

Talvez eu esteja perdendo um grande tempo com esse medo de ter medo de ter medo. Talvez Julia nem queira ser amada como eu desejo amá-la um dia.

Julia não está pronta, entende?

Não, ninguém entende.

Mas tudo se resume a Julia.

Os dias; o tempo; os beijos; o telefone que toca; a cama vazia no meio da semana; os filmes não vistos; as brigas; as noites mal dormidas; os carinhos; os livros; os desejos; as conversas; a minha vontade de gritar. Tudo é Julia.

Julia se resume em Julia e ponto. Pronto.

No fim a gente sempre recomeça, no fim ela volta para os meus braços e eu volto a dizer que sou somente sua. Digo tudo, prometo mil coisas e até juro não dizer aquela tal frase que pode acabar com tudo. Eu me contenho, sei fazer isso. Mas às vezes parece que se não digo não posso sentir.

Talvez ela tenha razão.

Talvez eu não esteja pronta, não entenda, e veja tudo de um jeito torto.

Talvez tantas coisas...

Mas o medo de escrever ainda não foi embora e, agora, só me resta jogar essa caneta em suas mãos.

6 comentários:

Rhaissa disse...

Ah, o amor. É tão doce e confuso. E depois que os problemas e medos vão embora, é tanto alívio.
Não precisa ter medo disso. Você sabe o que vem depois, quando essa confusão acaba, quando o amor vai embora. Então, não tenha medo do agora e não pense no depois.
Se está tudo certo, se é tudo certo, se o telefone toca. Está tudo bem.


Bom amor pra você :*

Amanda Galdino disse...

Você deixou seu mundo, deixou o seu pra adentrar no mundo da fantasia, aquele que pertence à Julia.
Talvez não seja você que está errada, talvez seja o tempo, o caminho ou quem sabe esse sentimento.
Talvez o erro esteja nas coisas que a cercam e assim você acredita que o erro está em você.
Tudo é influência do ambiente, já disse um sábio, ou ele disse algo parecido com isso, não sei ao certo. Mas quem sabe?
Só sei que te entendo. Que eu também espero telefonemas com a ansiedade de quem espera o ar quando se afoga num mar de lágrimas.
Talvez Julia não te entenda e como tudo se resume a ela, automaticamente você não se entende por ela não te entender.
Como você disse, talvez haja tantas coisas.
Tudo se resume a Julia e ela se resume a um talvez.
E só há uma certeza nisso tudo.
Você a pertence.
Então não tenha medo de errar, os erros são necessários Camila, e se são. Um dia você entende, tenha certeza disso.

Rony disse...

são tantas as dúvidas

Anônimo disse...

"Tu es ma came,
Mon toxique, ma volupté suprême,
Mon rendez-vous chéri et mon abîme
Tu fleuris au plus doux de mon âme


Tu es ma came
Tu es mon genre de délice, de programme
Je t'aspire, je t'expire et je me pâme
Je t'attends comme on attend la manne


Tu es ma came
J'aime tes yeux, tes cheveux, ton arôme
Viens donc là que j'te goûte que j'te hume
Tu es mon bel amour, mon anagramme


Tu es ma came
Plus mortelle que l'héroïne afghane
Plus dangereux que la blanche colombienne
Tu es ma solution, mon doux problème


Tu es ma came
A toi tous mes soupirs, mes poèmes
Pour toi toutes mes prières sous la lune
A toi ma disgrâce et ma fortune


Tu es ma came
Quand tu pars c'est l'enfer et ses flammes
Toute ma vie, toute ma peau te réclament
on dirait que tu coules dans mes veines


Tu es ma came
Je me sens renaître sous ton charme
Je te veux jusqu'à en vendre l'âme
À tes pieds je dépose mes armes
Tu es ma came
Tu es ma came"

Bruna Mesquita disse...

Eu ja tive medo do medo que dá !
Ele vem de repente rouba nossas palavras e noites, Rouba o amor que em nosso peito lateja querendo saltar,é complexo,o que fazer com ele...Vence-lo !Só o tempo nos da esta formula,
E quem esta pronto ??

jaq. disse...

seria presunção dizer que lhe entendo, mas há um tanto de mim aí e vejo pelos comentários, que há um tanto de outros tb. boas palavras as suas.