Correu, para debaixo das cobertas, para não sentir o frio que invadia todo o cômodo. Sorriu, para o espelho, tentando disfarçar a face molhada de água salgada.
Balbuciou qualquer coisa antes que a agonia pudesse alcançar seu corpo. Fosse uma oração, um apelo, uma promessa qualquer para ser curada, ao menos por ora, daquele terrível sentimento arrasador.
Trancada no quarto, com a luz apagada, fechava os olhos com fervor para que, mesmo a força, conseguisse dormir antes do caos. As horas se passaram e ali, naquele cômodo branco, sentiu seu corpo ser invadido.
O sentimento já tomava todo quarto. Um tipo de angustia que provocava desespero, voz rouca e garganta cansada. Gritava como louca e para ninguém, como se daquela balburdia fosse surgir a solução. O coração não parava de bater acelerado e por vezes ela pegou o telefone imaginando a salvação do outro lado da linha.
Silêncio.
A agonia sabe como machucar.
A invadia, todas as noites, quando os salva-almas estavam dormindo, todos, em seus respectivos quartos em suas respectivas casas.
Ninguém acordaria para salva-la.
Ninguém a salvaria.
Encolhida entre as cobertas sente o no se formar na garganta, ela sabe onde isso vai parar.
Mais uma noite em claro evitando pensar, evitando enxergar, evitando sentir.
Mais uma noite de garganta seca e boca cheia d'água.
Mais uma noite implorando por um abraço forte e alguém para lhe dizer que vai ficar tudo bem, mesmo que não fique.
Alguém que talvez esteja tão perto, e tão longe, para querer tirá-la dali.
Na luta por sobrevivência ela sempre perde.
Morre, jogada na cama, cansada da luta diária.
No dia seguinte ressuscitará e pedirá, com força: que o dia termine bem.
Na noite do mesmo dia encontrará a angustia uma vez mais.
Eu quero ajudá-la a se salvar, a se safar talvez.
Quero tirá-la disso tudo e lhe ensinar como é suave se deixar levar.
Quero envolvê-la, olhar em seus olhos densos e lhe apontar o caminho certo.
Quero tanto.
Mas ela não me ouve, ela não me vê.
Anda lado a lado com a solidão a procura do abraço forte e das tais palavras.
Não importa o dia de amanhã se o de hoje terminar bem: diz.
Que seu dia termine bem, menina branca.
Que a semana termine bem.
Que o mês, se possível, termine sem angustias.
Que você consiga viver em paz, e lúcida, até o fim dos seus dias;
para o nosso próprio bem.
2 comentários:
quanta angustia 'menina branca' (euameiisso, já te falei pra ter calma, que o tempo ajeita as coisas. È chato essa angustia essa tristeza, e até essa solidão, mas voce certamente não estará só!
beijãoooooemeligue;)
Quanta angustia e solidão :/
gostei do texto
Bom resto de semana pra ti :))
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