quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Liberdade
Lavo minhas mãos, lavo meu corpo, tentando me desfazer destes vínculos, destes indícios que me incriminam até a alma. Olho-me no espelho com orgulho, sinto a satisfação pulsar em mim. Eu o matei. Deixo aqui a prova escrita de que eu, hoje, cometi um crime, o primeiro dentre muitos que ainda virão. A principio me deu náuseas, me feriu e senti uma dor parecida ou igual a de minha vitima. Um momento depois as mesmas náuseas deram espaço ao prazer e pude ver de relance um sorriso surgindo em meus lábios. Eu realmente o matei. E não pude conter a alegria de vê-lo morto. Gargalhei. Ri como nunca, um riso de desespero, de alguém que não sabia o que tinha acabado de fazer. Mas eu sabia. Fui pratica. Tive que matar e matei. Lavei minhas mãos tirando aos poucos os vestígios daquilo que acabara de matar, me desfiz das lembranças e de um passado que nem era meu. É, eu o matei. Ainda não sei ao certo se foi homicídio ou suicídio, mas matei assim mesmo, sem certezas, promessas ou crença. Apenas fiz o meu trabalho, dei fim àquilo que queria o meu fim, me defendi da maneira que encontrei pra me defender. E é bom saber que aquilo que outrora era meu hoje já não faz moradia em mim. Estou livre.
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10 comentários:
Tem coisa melhor do olhar no espelho e ter orgulho do que vê?
Assim, toda morte vale a pena.
Parabéns pelo texto.
A sensação de DESINTOXICAÇÃO é muito boa não eh?
Nos sentimos limpos, renascidos e livre para a partir desse momento olharmos a vida de outro modo, por outra visão.
Uma visão de recomeço.
Bjão!
De todos, o melhor.
De um bom gosto, sensibilidade e qualidade incríveis.
Matar literalmente o que nos mata dia-a-dia. Legítima defesa.
Parabéns, mais uma vez, meu "outro eu". =)
Beijos.
Caramba!!! Bom o texto hein. Ainda não tive tempo de ler os outros... Mas volto sim para ler...
Muito bom o texto...
Bem escrito...
Abraços!
Mataste! Mas não mereces ir À cadeia, merece essa liberdade! Pois tua conhece de VERDADE, e acredite...poucas pessoas a conhecem!
Parabéns, vejonesse texto, eu mesma...oua Sharonnãosei,ela já morreu (homicidio ou suicidio, eutbm não sei!)
Aplausos!
Liberdade, Sancho,não é um pedaçode pão!
Beijos!
texto bonito, e bem sentimental :)
e eu ainda acho que morrer de vez em quando vale a pena, como diz clarice lispector ;*
Que contraditório... Ao mesmo tempo que sente-se livre, torna-se eternamente aprisionada pelo crime...
Estou gostando do que estou lendo por aqui: textos curtos e profundos.
Escrevre bem não é escrever muito. Vou "passear" mais um pouquinho rs.
Você tem talento em estado bruto.
belo texto, assim que nós temos que ser, ter orgulho do que fazemos!
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