Me pego sempre desatando os nós enquanto alguém ri uma risada fina bem longe.
Em meio aos meus devaneios posso garantir que conheço aquela voz.
Algumas horas depois reconheço: é minha.
Eu rio, ao longe, enquanto trabalho; mão roxa de tanto forçar o afastamento das cordas; corpo dele e loucura minha, juntos numa encenação patética sobre laços e pessoas que dizem sentir.
Não sente, eu sei.
Não sente.
Não fique, vá embora.
Eu disse, desde o inicio, que depois de certo tempo seria quase impossível desatar aqueles nós, as cordas se moldariam uma a outra e se acomodariam sem perceber.
Mas mesmo assim ele fez questão de fazê-los, um por um, um atrás do outro, fingindo ser regido por algum sentimento que eu já desconhecia.
E onde está você agora, enquanto as minhas mãos sangram?
Onde está você enquanto meu corpo se rasga ao olhar pra trás?
Está fazendo nós, vários, muitos, e certamente usando o mesmo motivo que me fez acreditar.
Então, com essas mãos ardendo em brasa, eu te odeio!
Simplesmente porque, depois de lançada, a flecha não volta.
meio relapsa, eu sei, mas eu tô por ai. rs
2 comentários:
E a gente fica tentando desfazer os laços criados e forçadamente amarrados, enquanto ele se vai em busca de outros laços para fazer.
=***
Corte os nós, de uma vez só *-*
Ou peça ajuda à alguem, quem sabe esse alguém não consegue te soltar daí!
Gostei demais!
Beijão Ca :*
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