Boca; beijos; marcas.
Arlequim, Pierrot e Colombina; todos, juntos, na mesma escada vivendo a mesma cena de uma folia já esquecida. Eu esqueci. Fiz um esforço danado pra esquecer e dois pra relembrar. Relembrar sempre dói, arde como álcool em ferida exposta. E eu que apenas observei a Colombina fumar e pegar o Garoto Surpreendente, pude entender o tal mistério do impossível. Do pierrot não lembro o nome, o sexo ou a face; do Arlequim me sinto distante e um tanto quanto nauseada pra poder entrar em detalhes.
Minha gêmea, que eu não conheço, acabou nos braços de um cara de apelido estranho; acabou, não, começou ou deu continuidade, não sei. E as coisas aconteceram sozinhas diante dos meus olhos. Eu vi, eu fiz e eu sou. Não me arrependo não me culpo e não me esqueço. Nunca! Só peço emoção. Muita emoção para mim e sorte para a Colombina e o Garoto Surpreendente. Sorte, muita sorte, porque amor eles têm de sobra.