sábado, 24 de agosto de 2013

5h51

Ah, mas relaxa. Relaxa que tá tudo em paz. Respira. Respira. Respira. Assim mesmo. Três vezes. O coração ainda bate. Então relaxa. Relaxa que eu vou atrasando os relógios enquanto você não passa. Há tempo. Ainda. E sempre. Relaxa. Respira. Vem.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

3h20

Pensar demais fode tudo.
Quando se pensa demais, se faz pouco, quase nada.
Sentir é nada, inevitavelmente.
Quando se pensa demais, você ta fodido.
Devidamente fodido, cara.

Os pensamentos voam soltos pelos ares.
A boca cala.
O coração, filho da puta, não cessa.
Não quer cessar.
São noites inteiras de cabeça cheia e coração vazio. As noites são todas iguais.
Um dia eu quis ter o coração cheio, juro.
Eu já tive um coração cheio.
Desbotou.
O tempo tem a santa mania de desbotar as cores mais bonitas, as coisas mais bonitas.
Cheguei a acreditar que o tempo ajeitaria tudo, sabe? Que o tempo colocaria tudo no seu devido lugar.
Mas o tempo...
Ah, o tempo não ilumina, o tempo só apaga.
Apagou todas as luzes, devorou todas as cores e foi embora, tão rápido quanto veio.
E eu fico aqui, pensando que tudo já não presta, que a podridão do mundo amassou todas as minhas flores.
Sim, eu sei que faço parte da podridão do mundo, não precisa me lembrar.
Eu penso nisso o tempo todo.
Penso até tudo virar loucura na minha cabeça.

Quando se pensa demais você ta fodido, cara.
Fodido...
Mal pago...
Desbotado...
Preto e branco.

3h59

Eu queria escrever alguma coisa, qualquer uma, que explicasse essa loucura, esse afeto.


Qualquer explicação banal me serviria, mas não há.


Qualquer indício de uma suposta explicação, juro, me bastaria.


Qualquer uma.


Uma explicação velha, esquecida, suja.


Não há

!
Não há explicação, não há entendimento.


Queria poder aceitar sem entender, mas a razão não me deixa; a razão só me impede.


Se eu soubesse nomear.


Se, ao menos, eu soubesse...


está escuro lá fora, já anoiteceu há horas, e eu continuo aqui, de olhos bem abertos, revirando as gavetas emperradas procurando alguma coisa que nem sei se existe.


Talvez eu só precise de um tempo.


Talvez eu só precise esquecer...

(a porra do blog formatou o texto do jeito que quis, me impedindo de arrumá-lo)

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O mundo é bão!

Eu me pareço com um desses romancistas baratos que acreditam que o mundo é tão pequeno que é possível carregá-lo no bolso.
Eu jogo; eu brinco; eu não levo nada a sério.
Me incomodo quando me levam a sério.
Mas, um dia, talvez, quem sabe?
Eu to sentada num banco vendo a vida passar. Às vezes a calmaria me cansa, então faço alarde. Quando o barulho me irrita, peço silêncio, me fecho e recupero a paz. Uma paz um tanto ilusória, confesso, mesmo assim não deixa de ser paz.
Empatia tem de sobra, simpatia tá em falta.
O mundo continua no meu bolso e eu quase nunca o tiro dali. Falta de interesse? Acredito que não. Proteção talvez. Não sei. Quem sabe? Eu sequer tento me proteger e faço estrago pra caralho.
Sigo! Pensando: viver é isso. Mesmo sabendo que eu corto um dobrado pra descomplicar o que não era complicado e eu compliquei.
É loucura, eu sei. Eu sou. Você é.
Eu carrego um hospício enorme no bolso.
Mas eu tenho uma carta na manga, um segredo guardado e então tá tudo bem.
To sentada num banquinho - sem violão - e a calmaria intensa tá me pedindo um alarde. Nego, obviamente. Alegando que já não tenho idade pra isso e que prometi: de agora em diante sem mais estragos.
Eu entendo - empatia ta rolando; não sorrio - a simpatia é sempre escassa.
Mas eu sei que ninguém aqui tá me levando a sério.
Não me levem, por favor!