terça-feira, 24 de março de 2009

Fixação

Fechar os olhos, com força, e balançar a cabeça, com ferocidade, não vai fazer com que os meus pensamentos desapareçam. Tenho sentido estranhas sensações e arrepios constantes, como se espíritos viessem me tocar, em silêncio, para ter certeza de que eu realmente existo.
Os meus olhos estão pesados, minhas costas doem e minha boca cospe mentiras tão cruéis que deixam um gosto amargo na garganta.
Através da janela posso ver os primeiros raios de um dia nublado de um sábado quatorze em que nada promete, a não ser a promessa de nunca cumprir. Um livro listrado é o meu único companheiro por aqui – sem contar os travesseiros, as canetas e aquele velho caderno – e fico feliz por não estar sozinha e até gostar, um bocado, de listras.
Na sala alguém dorme, no quarto ao lado também; na outra cama alguém esta prestes a acordar enquanto eu rezo baixinho, por um pouco de sono. Rezo enquanto alguém ri as minhas custas; enquanto a sorte, que era para ser minha, é levada de algemas para o extremo oposto.
Os espíritos insistem em me tocar e, a cada instante, posso senti-los mais perto e mais encorajados a desvendarem os meus mistérios. Se eu parar para prestar atenção consigo ouvir suas risadas e suplicas e conversas paralelas;
Conversam alto e cantam demais;
Cantam alto e falam sem parar.
A mistura de passos, pessoas e passado em minha mente, notívaga, não me deixa dormir.
Os espíritos estão por toda parte e sinto que um deles tenta, desesperadamente, invadir meu corpo; tenho medo.
Outros tentam e riem e cantam e choram e não me deixam em paz.
Meu quarto está lotado deles, por todas as partes e em todos os cantos.
Fecho os olhos e balanço minha cabeça, mais uma vez, com a esperança saltando dentro de mim, querendo e acreditando que uma hora ou outra eles se vão ou, então, me levam.
Não sei diferenciar, ao certo, aquilo que eu quero daquilo que eu necessito; talvez minha alma precise de um tempo calada, talvez eu queira soltar meu espírito e deixá-lo invadir o quarto de alguém.
Tenho medo, grande, de nunca me libertar dessa loucura e medo, ainda maior, de ser a intrusa nisso tudo.


Minha assombração...
I want to be alone.
Galera estou no 3:AM Magazine Brasil \o/

quinta-feira, 19 de março de 2009

Hoje não dá...

para André
Eu posso ver, e entender, tudo que está escondido nessas cores que reluzem em seus olhos; posso ouvir a risada, fina, daquele seu relógio de parede que brinca com as horas enquanto você grita por um pouco mais de tempo; posso gritar, mil vezes, as mesmas palavras e cantar, mais uma vez, aquela velha canção; de nada vai adiantar.
Porque eu me recuso a jantar esse amor que você me oferece de bandeja; me recuso a dar garfadas, suculentas, nesse coração vermelho e dele me alimentar;

recuso-me.
Eu quero aqueles que ardem de desejo e que não têm muito a oferecer; quero gatos pingados de rua que me obrigam a sair em dias de chuva com uma necessidade, tamanha, de liberdade.
Eu quero ser livre!
Quero cantar minha liberdade, sorrir minha liberdade, amar minha liberdade; ser livre no amor.
Não quero que me alimente, jogando tudo com avidez para dentro de minha boca, e depois me disseque querendo migalhas ou frutos daquilo que plantou.

Sou estéril.
Prefiro tomar um porre de desilusão a ter de ficar em casa esperando alguém chegar, me pedir o jantar e dizer mentiras tão usuais quanto as nossas.
Não quero casos; quero o acaso.

O acaso me faz sair às ruas com esperança nos olhos e sorriso nos lábios; me motiva, me move, me empurra. E eu me recuso a fechar os olhos e abrir bem a boca para ficar mais fácil digerir toda essa droga de amor que você insiste em jogar em meus braços. Não espero que me entenda e nem que vá embora levando, de vez, esse fardo e, aliviando o peso em minhas costas; só peço que não espere não se iluda e nem pense demais.
O que bate aqui dentro, e me faz andar por aí a procura de um único rosto, é como poesia de cego, você não pode ver;

nem eu.

sou artista(lê-se problemática)

Los Hermanos voltaram e vão abrir o show do Radiohead e eu não vou :/ Quase morrendo de depressão,ok? LH lovelovelove <3

segunda-feira, 16 de março de 2009

Outra noite em Nantes

A velocidade com que cuspo minhas palavras, às vezes, me assusta; me sinto fadigada e desumana por tantos vômitos induzidos. Os verbos e pontos e frases mal escritas saem sem meu comando, voam como borboletas frenéticas que só vivem vinte e quatro horas. Voam e pousam em ouvidos tão alheios quanto os meus.
Outros arlequins se identificam e algumas pessoas ao pousarem os olhos sobre a mesma folha se transformam, em imediato, em arlequim. É tão estranho, e desajeitado, encontrar tantas dores iguais em pessoas tão desiguais perdidas nesse e vai e vem maquinal dessas ruas ilusórias. O momento é tão intenso que posso ouvir as batidas de algum aparelho descompassado, de perto; parece que está do meu lado; parece que está aqui dentro. Sem perceber volto pra casa com um coração a mais, no bolso, e as palavras se repetem num frenesi alucinante.
Queria me preocupar com alguns sentimentos necessários.
Queria entender essa teoria falida que inventei para poder viver.
Eu poderia me identificar com o arlequim como muitos de vocês, mas a cada dia me sinto mais distante e ausente e caótica. Já não posso controlar a minha necessidade de enfiar a mão no bolso e jogar todo o conteúdo na boca; mastigo dezenas de corações, por dia, como chicletes de hortelã que refrescam e aliviam minha alma.
- Sinto muito

ahhhhh...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Três de janeiro

Eu ando me alimentando de mentiras, sobrevivo disso ultimamente; eu as escrevo e quando vejo já as devorei, lendo, escrevendo, sonhando, correndo. Mentiras, encantadoras e venenosas mentiras...
Mas eu prometo parar, pelo menos pra pensar, eu prometo rever esses conceitos que rondam a minha porta. Eu vou ser mais carinhosa e amorosa com as pessoas, vou sair pela porta dos fundos e enterrar essas palavras, embrulhadas com o meu mau-humor, no quintal (da vizinha), assim ficará tudo tão... inacessível; enfim, eu vou aproveitar o embalo das mudanças e vou te ligar e dizer o quanto lhe amo, meu amor; estou indo antes que o dia acabe, estou in... (flamando de amor).


escrito por Melissa

terça-feira, 10 de março de 2009

Sábado, sete

Estou me sentindo como um gato de rua, vagabundo e, com uma bola de pêlo, enorme, na garganta. A bola se mexe, remexe, se embola aqui dentro e por mais que eu grite e cante e mie ninguém vai entender o porquê de certos arranhões grátis; às vezes nem é por maldade, injúria ou desafeto, é só vontade de arranhar e afiar as minhas unhas. Pura necessidade de ver aquela risca avermelhada salpicada de sangue no corpo de alguém. Eu tenho vontade grande de provocar cortes fundos e feridas incuráveis por aí, por toda essa gente, em todos; menos em você.
Com você eu me importei desde o inicio, escondi minhas garras e bati de frente com a minha vontade insaciável. Por você eu pensei em deixar de ser gato de rua, em voltar para casa, achar um dono. Por você, só e somente por você.
Pensei e tentei e me enrosquei naquilo que eu queria acreditar; acreditei. Montei a peça e enquanto ensaiava o nosso momento, nossa hora, nosso ápice, veio a tempestade daquel
es olhos negros e levou tudo. Eu tentei salvar o que era necessário, tentei e só consegui essa bola na garganta lotada de palavras que eu nunca disse e ainda espero dizer.
Por enquanto a rua é a minha única companheira e, ter um dono já não parece tão bacana quanto à semana passada; acho que sou um gato covarde, meio arredio e com uma dose excessiva de medo no sangue. Eu experimentei sua sede e dela fiz minha fonte; embriaguei-me e gostei do que vivi e ainda poderia viver. Agora é diferente; é possível ver o arame farpado por debaixo de sua pele, macia, esperando meu toque para então me machucar.
Será que você não entende?
De gato de rua já basta eu.


domingo, 8 de março de 2009

Aleatório

Talvez eu ainda seja a mesma em outros olhos, outras mãos. Talvez as coisas tenham mudado por aqui. É; as coisas mudaram por aqui!
E por mais que haja resquício do que fora ontem, eu tento seguir inócua me esquivando de todos esses olhares estrábicos.
A complacência, de uns e outros, me agride e eu começo a repudiar o que outrora foi minha única razão pra qualquer coisa ou pra nada. Talvez eu realmente tenha mudado demais, talvez eu nem more mais em mim.
Dei-me doces deletérios achando que seria capaz de guiá-los por um curto tempo; não fui. Tudo tem se tornado íngreme que penso por vezes ser a culpada de minha própria morte. A grande incisão em minha alma sangra todas as noites e não há curativo que faça estancar esse liquido vermelho.
Talvez eu vá sangrar pra sempre.
Talvez o pra sempre exista nessas horas.




Incógnita
[...]não quero mais a 'minha' insensatez[...]

segunda-feira, 2 de março de 2009

elas não entendem

Eu te quero, às vezes.
Às vezes eu a quero e, às vezes, só quero a mim, sozinha.
Às vezes eu nem chego a querer, mas eu penso e penso forte e rápido e constante. Contraditório. Eu sou inconstante.
Às vezes eu sou louca ou me faço de louca ou brinco que me faço de louca pra esconder que sou louca de fato. Só às vezes.
Às vezes eu te quero muito, e esse querer me move, mexe comigo. Já tentei mexer com ele, mas o resultado não foi bom.
Às vezes dá certo. Uma vez deu. Só uma.
Às vezes eu não quero querer e ainda assim quero demais. É estranho e
É só às vezes.
É tudo relativo, entende?
Depende da música que estiver tocando.


Obrigada pelos selos, gente, vou posta-los em breve. ;P