domingo, 5 de julho de 2009

Heterônimos

"Quando eu estiver morto suplico que não me mate"

São tantas em uma só que às vezes me perco. Tantas cenas. Tantas falas para decorar. Tanto não pra dizer. Tanto talvez. Tanto tanto. É demais. Excesso. Exagero. Sempre ultrapasso o limite permitido. Sempre quero mais e mais e mais. É sempre. Ou nunca. O talvez fica entre os dois para eu ganhar tempo e poder lembrar as falas esquecidas.

A Celeste, não.
Ela sempre sabe o que dizer na hora que tem de dizer. Sabe forjar, como ninguém, uma carinha de puta virgem. Sabe ser falsa. Sabe ser. Sabe sentir. Sabe tudo e só faz o que quer na hora que quer. E não se importa com os quereres alheios.
Tudo bem. Quem, de fato, se importa?

Mas são tantas. Tantas. Muitas. Milhares. Quase me perco. Quase desisto do jogo e volto pra casa com as fichas restantes no bolso. Quase me entrego.

A Tereza, não.
Ela nasceu entregue. Nasceu do mundo para o mundo. Nasceu para noite. Corre de encontro ao nada com o sorriso no rosto. Corre. Voa. Pisa no asfalto sujo como quem caminha por entre as nuvens. Não tem pressa. Não tem presa. Sorri bonito, os convidando para se juntar a ela. Eles vão. Sempre vão.
Tudo bem. Eu não me importo.

Só estou cansada. Cansada e vazia. O vazio cansa mais que qualquer outra coisa. Não esperar me desespera e me desesperar me deixa imune a esperança. São tantas. Tantas morando numa só. Tantas cenas. Pouco ensaio. Figurino tosco. Peça podre. E muita, muita, gente. Demais. Pessoas e pessoas sem ter o que fazer. Eu também não tenho...

A Maria, não.
Ela carrega o mundo nas costas. Se preocupa com o lado do pêssego, não mordido, caído no quintal da tia do primo da sua vizinha. Sente pena. Sofre pelos outros. Chora por eles. Tem preguiça por eles. Lamenta por eles. Vive por eles. Enquanto eles, simplesmente, não se importam.
— Carrega o mundo porque quer.
— Faz tudo porque tem vontade.
E quando pensa em voltar atrás, perde ponto. Perde vidas. Perde alma.
A dela. A sua. A minha.
Nossa alma.

São tantas. Tantas que às vezes me perco.
Tereza conquista;
Celeste machuca;
Maria conserta.

Até quando? Até onde?
Será que terapia em grupo resolve?

ps: Terça-feira estreia da peça MAIS BACANA DO MUNDO (a nossa..rs), todo mundo la, hein. Muita MERDA pra gente. (:

5 comentários:

Ricardo Esteves disse...

aushiauhsia
celeste tereza maria
dava um filme massa sobre três irmãs x)
já tem as personagens
constroe a história o/

Anônimo disse...

oi oi oi

eu sou o menino q assistiu o pessoal do madrágorah no pêra e que tem muuuuuuuitas questões! ;P

eu eu http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=17176867090745832951

por hora só, agora vou durmi
boa noite menina q eu ñ sei o nome! ;D

Eu, Thiago Assis disse...

a Celeste é um retrato da sociedade, uma figurinha bem repetidade atualmente.

a Tereza já parece ser alguem carente, o que não deixa de ser algo recorrente.

e a Maria, essa é rara, talvez seja uma perda de tempo para muitos.


www.euthiagoassis.blogspot.com

NiNah disse...

Cara, olha que graça. Sempre quando te leio penso: poxa, poderia ter escrito isso, mas você já o fez e muito melhor. hahaha
Adoro!
Beijão

Bruna Mesquita disse...

todas somos terezas,marias,celestes e sabe quem mais,somos tantos em 1 só,seres mutáveis como nós,são cansativos sim !

Peça???conta mais !